A história de Porto Alegre, uma cidade mal assombrada
A história de Porto Alegre esconde mistérios. Essa capital mal assombrada rejeita seus mitos e suas lendas urbanas e é cheia de contos macabros. Líderes religiosos, teosóficos, filosóficos, serial killers e poetas do mundo todo vieram parar na pequena e pacata cidade bucólica do paralelo 30, no sul do sul da América do Sul.
NOVO ÁLBUM DA LÍTERA
Os passeios no Centro Histórico de Porto Alegre que a banda faz tem o propósito de mostrar essa essência dos habitantes que, nascidos ou não aqui, demonstram ter em comum – como que por magia ou mistério.
Uma cidade melancólica, que sempre se sentiu sozinha, longe das capitais, desconfiada, úmida, com as quatro estações percebidas de forma muito determinada. No inverno, o vento Minuano (de nome indígena, frio por ser de origem polar, de orientação sudoeste e cortante), faz a sensação térmica baixar e parecer estar mais frio do que realmente está. A umidade de Porto Alegre congela até a alma.
Egrégora do Paralelo 30
Toda egrégora possui uma forte influência sobre as pessoas ali presentes. Se você não está consciente disso, fica praticamente impossível se manter no controle.
Egrégora, ou egrégoro (do grego egrêgorein, “velar, vigiar”), é como se denomina a força espiritual criada a partir da soma de energias coletivas (mentais, emocionais), fruto da congregação de duas ou mais pessoas. O termo pode também ser descrito como sendo um campo de energias extrafísicas criadas no plano astral a partir da energia emitida por um grupo de pessoas através dos seus padrões vibracionais.
Talvez você já tenha ido para uma festa dizendo que só iria beber uma ou duas latinhas de cerveja. Mas, chegando na festa, você foi tomado por uma força incrível, e quando você percebeu já estava tomando todas, misturando tudo e mais um pouco. Esse é o poder de uma egrégora. Você até que estava determinado a não beber, mas a egrégora predominante na festa o impulsionou fortemente para o consumo de bebida.
A cidade que não tem fim
A cidade nunca esteve totalmente pronta – sempre em obras, inacabada através do tempo. Seus líderes e sacerdotes fizeram muitos pactos por correntes diversas, pragas foram rogadas, maldições, exorcismos, promessas, dívidas com um mundo paralelo que ainda estão pendentes. Para entender isso, teríamos que antes conhecer a origem da cidade, que foi fundada por um assassino, um foragido da lei.
1737 – São Pedro
Quando, em 1737, o brigadeiro José da Silva Pais fundou na Barra do Rio Grande o presídio militar (que daria início à colonização oficial do então chamado Continente de São Pedro), a região situada entre o Guaíba e o oceano já começava a ser habitada por povoadores vindos de Laguna e ali estabelecidos com estâncias de criação e pouso.
Entre eles, encontrava-se o madeirense Jerônimo de Ornellas Menezes e Vasconcellos, a quem o Capitão-General de São Paulo concedeu, em 5 de novembro de 1740, Carta de Sesmaria das terras por ele ocupadas há “oito para nove anos”, isto é, desde 1731 ou 1732; a concessão abrangia, em sua área de “três léguas de comprido e uma de largo”, o local que hoje assenta a cidade de Porto Alegre.
As sesmarias do inicio da colonização.
Embora a estância de Jerônimo de Ornellas estivesse bastante longe de Guaíba, em breve muitos moradores dos seus campos, e alguns recém-chegados, vieram a fixar-se junto às praias do estuário, criando assim, pouco a pouco, um diminuto arraial que recebeu o nome de Porto de Viamão – por suporem os visitantes que o lugar fosse dependência dessa povoação, que se achava 4 léguas mais para leste.
1747 – Porto de Viamão
Em 1747, prosseguindo os seus esforços para intensificar o povoamento do Continente de São Pedro, o governo português contratou com Feliciano Velho Oldenberg a vinda de casais açorianos, parte dos quais se destinaria ao Porto de Viamão.
A primeira leva de ilhéus dos Açores, constituída de cerca de 60 casais, chegou em 1752, só então começando a tomar incremento o pequeno povoado, que passou a chamar-se Porto dos Casais. Por essa época, levantou-se no arraial a pequena capela do seu primeiro orago, S. Francisco de Assis.
1772 – A freguesia de São Francisco do Porto dos Casais
Em 1772, por iniciativa do governador José Marcelino de Figueiredo, desapropriou-se a sesmaria, que Jerônimo de Ornellas vendera dez anos antes a Inácio Francisco, e distribuíram-se datas de terras entre os colonos açoritas. Nesse mesmo ano, a 26 de março, foi criada a freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, por pastoral do bispo do Rio de Janeiro, D. Antônio do Desterro, dela tomando posse a 25 de setembro o padre José Gomes de Faria.
Já no ano seguinte, a 18 de janeiro, o bispo substituía a denominação da nova freguesia pela de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, surgindo assim, pela primeira vez, o nome Porto Alegre, que se conservou até hoje.
Mapa de Porto Alegre em 1772
1763 – A tomada de Rio Grande pelos espanhóis
Foi também em 1773, a 24 de julho, que José Marcelino de Figueiredo, percebendo-lhe as enormes possibilidades de progresso futuro, transferiu para Porto Alegre a capital do Continente de São Pedro, estabelecida em Viamão depois da tomada de Rio Grande pelos espanhóis em 1763.
Decisivo impulso recebeu a localidade. Por determinação de José Marcelino, instalou-se a primeira olaria de telhas na nova capital, onde, até então, as casas eram todas cobertas de palha. Os açoritas prosperavam, favorecidos pela amenidade do clima e pela fertilidade da terra. Em 1780 era iniciada a construção da nova Matriz, e em 1790 criava-se a primeira aula pública.
1801 – Santa Casa de Misericórdia
Em 1801, apenas raiara o século XIX, fundou-se a Santa Casa de Misericórdia, em lugar que o naturalista e viajante Saint-Hilaire, em 1820, diria estar “fora da cidade, sobre um dos pontos mais altos da colina…Bastante distanciado da cidade para evitar contágios”. Foi por esse tempo que se instalou no antigo Beco dos Ferreiros, hoje Rua Uruguai, um teatrinho a que os frequentadores deviam levar suas cadeiras nos dias de espetáculo.
Ainda nesse decênio, era Porto Alegre elevada a Vila por alvará de 23 de agosto de 1808. Contava então mais de 6.000 habitantes; de aldeia de agricultores e pescadores, transformara-se em promissora praça de comércio e porto de escoamento das povoações litorâneas de Santo Antonio da Patrulha, Conceição do Arroio Grande (hoje Osório), Gravataí e Viamão, bem como de Rio Pardo, Santo Amaro, Taquari, Triunfo e Cachoeira.
A Vila foi solenemente instalada em reunião pública de 3 de dezembro de 1810, erguendo-se o respectivo pelourinho, símbolo da autoridade municipal.
Guerras no Prata
Seguiu-se um período de guerras no Prata, que naturalmente afetou o normal desenvolvimento da vila; mas, por outro lado, a crescente importância que a Capitania assumia aos olhos da Corte fez com que para ela fossem designados governadores de alta estirpe, que favoreceram a urbanização e o progresso da jovem capital.
Quando Saint-Hilaire chegou a Porto Alegre, em junho de 1820, encontrou uma vila desenvolvida e movimentada, com grande número de edifícios de dois andares; e, conquanto se impressionasse com a espantosa sujeira das ruas, a vila em seu conjunto causou-lhe uma impressão agradável.
Por ocasião da revolução portuguesa e da instauração do regime constitucional, viveu a vila dias de grande alvoroço, que culminou na madrugada de 26 de abril de 1821, quando a tropa e o povo amotinados obrigaram a junta governativa interina a jurar a Constituição na Praça da Matriz.
No ano da proclamação da Independência, a que a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul prestou apoio irrestrito, Porto Alegre, por intermédio dos representantes da Província na Corte do Rio de Janeiro, pleiteou a sua elevação à categoria de Cidade, que lhe foi concedida por D. Pedro I em 14 de novembro. Já então, sua população ultrapassava 12.000 habitantes.
Colonos
Dois anos depois, em 1824, no governo do Visconde de São Leopoldo, desembarcavam aí os primeiros imigrantes alemães, destinados à colônia de São Leopoldo. Esse fato reveste-se de considerável importância para a história de Porto Alegre, porquanto a sua vida econômica posterior teve estreitas vinculações com o trabalho empreendedor desses colonos, tornando-se a capital rio-grandense o escoadouro da vasta produção industrial e agrícola da região colonizada.
O primeiro jornal da cidade começou a publicar-se em 1827; foi o “Diário de Porto Alegre”, orgão do governo. Teve existência efêmera, deixando de circular em junho de 1828, mas no mês de julho desse ano surgia o “Constitucional Rio-Grandense”, de orientação independente.
1834 – Fim da paz, a Guerra dos Farrapos
Em 1834 inaugurou-se o segundo teatro da cidade, o D. Pedro II, que funcionou durante muito tempo na Rua Bragança, só desaparecendo em 1871, quando já funcionava o majestoso São Pedro.
O longo período de paz e desenvolvimento por que passava a capital da Província foi interrompido a 20 de setembro de 1835, quando forças insurretas comandadas por Gomes Jardim e Onofre Pires a ocuparam sem resistência, dando começo à Revolução Farroupilha. No dia seguinte, Bento Gonçalves fazia a sua entrada triunfal na cidade.
Menos de um ano permaneceu Porto Alegre em poder dos revolucionários. O Major Manuel Marques de Souza, futuro Conde de Porto Alegre, que se encontrava recolhido ao navio-prisão “Presiganga”, entrou em comunicação com os legalistas da cidade e retomou-a em 15 de junho de 1836, restaurando nela a autoridade imperial.
Dias depois o chefe farroupilha punha cerco à capital, e a 30 de junho efetuava um ataque, repelido na Praça do Portão.
Mapa da cidade de Porto Alegre 1837
O cerco, suspenso em setembro por Bento Gonçalves e restabelecido em maio do ano seguinte por Antônio de Souza Neto, só em 1840 foi definitivamente levantado. No seu decorrer, teve a capital de enfrentar uma série de violentas investidas dos revolucionários, pelo que veio a receber do imperador D. Pedro II, em 19 de outubro de 1841, o título de “mui leal e valerosa cidade”, que ainda hoje encima o seu brasão.
1845 – Fim do conflito
Terminado o conflito, Porto Alegre retoma a senda do progresso. Sucedem-se importantes iniciativas, tanto públicas como particulares, que marcam o ritmo do desenvolvimento da capital rio-grandense. Em 1846, a 1o de fevereiro, é fundado o Liceu D. Afonso, que reúne todas as escolas de ensino secundário da capital. Em 1848, a Câmara Municipal estabelece a obrigatoriedade do calçamento dos passeios fronteiros às casas das ruas centrais, e nesse mesmo ano é iniciado o calçamento do leito das ruas; os primeiros logradouros beneficiados com a medida são a Rua de Bragança (hoje marechal Floriano), a Rua da Praia (atual Andradas) e a Praça do Paraíso (15 de Novembro).
1850 – A grande casa de espetáculo
principia a construção do teatro São Pedro, inaugurado a 27 de junho de 1858.
Já então, Porto Alegre se tornara sede de bispado, criado a 17 de maio de 1848 por bula do Papa Pio IX; dele tomou posse o primeiro bispo, D. Feliciano José Rodrigues Prates, em 1835.
Expressivo símbolo do progresso material da cidade no período é a construção do grande edifício de quatro andadres, até a pouco ainda existente na Praça 15 de Novembro, e que o povo denominou “Malakoff“, em comemoração à tomada da torre desse nome durante a Guerra da Criméia.
Pela mesma época fundava-se a Praça do Comércio (1857), antecessora da Associação Comercial, e logo depois o Banco da Província do Rio Grande do Sul (1858), por iniciativa dum grupo de comerciantes locais.
1861 – chafarizes públicos
A Lei provincial no 466, de 2 de abril, celebrou contrato com a Companhia Hidráulica Porto-Alegrense, para fornecimento de água à população mediante instalação de encanamentos, com torneiras para uso particular, e construção de chafarizes públicos.
1864 – O grande mercado
deu-se início à edificação do grande Mercado da atual Praça 15, aberto ao público cinco anos depois. Antes disso, as quitandas funcionavam num prédio de dimensões reduzidas, na Rua de Bragança.
Também em 1864 foram postos a trafegar os primeiros bondes de tração animal. Dados os prejuízos que sofreu, não pôde o empresário manter os seus serviços por muito tempo, e somente em 1872, ao estabelecer-se a Companhia Carris em seu casarão na Várzea, os transportes coletivos começaram a funcionar regularmente.
1871 – Ferrovia
são criados o Ateneu Rio-Grandense e a Escola Normal, extinguindo-se o Liceu D. Afonso. Em 1874 instala-se o Tribunal da Relação e é entregue ao tráfego o primeiro trecho da ferrovia Porto Alegre-São Leopoldo-Novo Hamburgo, completada em 1876. Ainda em 1874 é inaugurado o sistema de iluminação a gás.
No terreno cultural, deve registrar-se a fundação da Biblioteca Pública, criada por Lei de 1871 e regulamentada em 1876.
Sete anos mais tarde, o ano de 1883 marcou a data de fundação da Livraria do Globo
A capital gaúcha, como tantas outras cidades do Império empolgadas pela campanha abolicionista, antecipou-se à decretação da Lei Áurea, libertando todos os seus escravos no ano de 1884.
Ao proclamar-se a República, Porto Alegre possuía 37 armazéns de atacado e 33 de varejo, 10 casas de fazendas por atacado e 56 a varejo, 10 lojas de livros e miudezas. No setor das profissões liberais, existiam 37 médicos, 26 advogados e 26 construtores. O recenseamento geral de 1890 levantou no município 52.186 habitantes.
1894 – Bombeiros
Era criado o Corpo de Bombeiros, que se compunha, a princípio, de duas seções, com um total de 30 homens.
Esse mesmo ano de 1894 é assinalado pelo aparecimento do primeiro instituto de ensino superior, a Escola de Farmácia, fundada pela União Farmacêutica. Outros estabelecimentos de nível superior seguiram-se a breve prazo: a Escola de Engenharia, em 1896; a Faculdade Livre de Medicina e Farmácia, que incorporou aquela, em 1897; a Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre, em 1900.
No final do século XIX
Ao findar o século XIX, contava a cidade 73.274 habitantes, serviços de água, telefones e transporte urbano de tração animal.
A grande Exposição Estadual de 1901, realizada em Porto Alegre, foi o acontecimento que marcou o alvorecer do século XX, apresentando a todo o Brasil uma demonstração do progresso alcançado pelo Rio Grande do Sul nas suas atividades agrícolas, pastoris e industriais.
1908 – Esgoto
O transporte urbano já era elétrico, e em 1910 o número de porto-alegrenses subia a 130.227.
No decênio seguinte, são encetadas duas obras de grande envergadura: a colocação da rede de esgotos e a construção do cais do porto.
Na mesma época, graças ao trabalho profícuo e inteligente dos prefeitos José Montaury e Otávio Rocha, seguidos mais tarde por José Loureiro da Silva, a cidade ganhou novos contornos e avenidas. Um esboço daquilo que seria mais tarde o plano de urbanização da cidade, abriu a Borges de Medeiros, com a construção de seu famoso viaduto da Duque de Caxias, que estendeu a avenida rumo ao sul da cidade, após as obras do aterro terem sido concluídas.
1953 – Praça da Alfândega
Na gestão do prefeito Ildo Meneghetti, e por iniciativa de Henrique D’Ávila Bertaso, foi inaugurada, na Praça da Alfândega, a 1a Feira do Livro.
A capital do Rio Grande do Sul entrou num período de milhares de tentativas de se tornar uma nova Paris, dedicou-se a expansão e crescente prosperidade – quem saber ser uma Liverpool? -, mas esses sonhos se prolonga até nossos dias. Bairros que surgem, ruas que abrem, avenidas que alargam, praças que ajardinam, redes de água, luz e esgotos que se estendem, empresas e estabelecimentos de toda espécie que se fundam e que ampliam as suas atividades… um sem-número de construções novas.
Tudo revela o constante desenvolvimento de Porto Alegre que hora preserva, hora apaga sem sem deixar vestígios do seu passado. Em ruínas e cortiços, o povoada busca sua origem, tentando dar um sentido. Não precisar ter nascido em Porto Alegre para se sentir como um nativo. A egrégora da cidade trás pra dentro de cada um que passa, a vivência da melancolia, do frio, do clima bucólico que paira no mofo, na umidade, nas construções inacabadas, abandonadas e, em paradoxo, um bairrismo, um orgulho de pertencer ao que nem se sabe o significado.
Essa é a história resumida e oficial da cidade. Mas é nos bastidores, com as portas fechadas, que a verdade se revela. Centenas de causos escondidas por trás de cada beco, servidão e ruas da velha cidade, que aos poucos vamos contando aqui no blog.
Lançando o álbum Arquétipos – O encontro com a sombra
São 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C. G. Jung, codificador da psicologia analítica. As composições falam sobre arquétipos, signos, símbolos e o encontro com as nossas sombras. Traçam a jornada do anti-herói no cotidiano, o inconsciente coletivo e a busca de si mesmo. Isso não é um conceito. É um enigma.
Nossas músicas estão em todas as plataformas pra ouvir grátis.
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