Novas caras do pop rock: O refinamento do Lítera…
As letras são o ponto alto, construídas de forma a lembrar cantigas, mas sem pieguices
Novas caras do pop rock: O refinamento do Lítera. Do Rio Grande do Sul vem uma experiência pop no mínimo inusitada. A banda Lítera foi fundo na ousadia ao buscar não inspiração na história do Brasil, mas transpô-la de forma coerente e sem cometer exageros. “EP 1 -A Marquesa”,o primeiro EP, assim como o segundo, “EP 2 – O Imperador”, têm como base a época da independência nacional, contando a vida de algumas figuras, como o Imperador Dom Pedro I, a Marquesa de Santos e algumas das mulheres que foram amantes do monarca.
O som, na primeira audição, soa datado: somos transportados por harmonias e arranjos típicos dos anos 80, com guitarras melódicas, mas sem peso. O trabalho vocal é bem feito, sem ser primoroso, mas feito na medida parra contar historietas com doses certas de humor e ironia. As letras são o ponto alto, construídas de forma a lembrar cantigas, mas sem pieguices. “Domitila”, o primeiro single, é dançável e tem refrões ganchudos, e é uma boa amostra do que o Lítera pretende.
Outras boas ideias estão em “Sofá” e em “Amantes”, esta última já do segundo EP. “Vai Passar”, também do segundo, é mais oitentista ainda, mas com a guitarra assumindo o protagonismo com toques de MPB e solos que remetem a momentos de bossa nova. Os arranjos são de bom gosto, com toques de Dexys Midnight Runners, com a linha de guitarra viajante e expressiva sendo o fio condutor da música.
Criatividade e inventividade
A combinação do pop refinado com temas históricos pode ser considerada uma novidade, já que se trata de um trabalho conceitual – algum bastante comum no rock pesado brasileiro. Por se tratar de um trabalho um pouco mais sofisticado, talvez os dois EPs da Lítera tenham um pouco mais de dificuldade para atingir algo além de um público específico, mas é inegável que há potencial para voos mais altos. Criatividade e inventividade existem na iniciativa dos garotos mostrar ao menso algo diferente em um panorama de terra arrasada.