OS ESPANHÓIS EM PORTO ALEGRE
Os espanhóis em Porto Alegre. No Rio Grande do Sul, a imigração espanhola ocorreu dez anos após a corrente imigratória italiana, que havia começado em 1875. Conforme dados do Consulado da Espanha, 10 mil espanhóis migraram para o Rio Grande do Sul, distribuindo-se principalmente entre as cidades de Porto Alegre, Pelotas, Uruguaiana, Bagé e Santana do Livramento.
Dom Quixote de la Mancha
Os espanhóis não elegeram apenas um bairro para morar
Ao longo do tempo, Porto Alegre tornou-se uma das principais cidades receptoras de espanhóis, graças ao crescente desenvolvimento de indústrias e a diversificação das atividades econômicas, propiciando cada vez mais a expansão urbana e favorecendo o emprego para os imigrantes. Além disso, as condições favoráveis incentivavam a abertura de negócios próprios.
Alguns espanhóis imigrantes já tinham informações sobre Porto Alegre, através de amigos ou parentes, que haviam passado ou viviam na cidade. Os espanhóis não elegeram apenas um bairro para morar, mas optaram por alguns bairros como Centro, Ipanema, Guarujá, Teresópolis e Bom Jesus.
Detalhe do frontispício, esculpido por Corona
Fernando Corona
Os espanhóis contribuíram para o desenvolvimento de Porto Alegre como trabalhadores braçais, especialmente os ligados à construção, como por exemplo, para obras de pavimentação e alargamento das ruas de Porto Alegre. Alguns eram artesãos, comerciantes, industrialistas e profissionais técnicos especializados e outras profissões. Destaca-se o arquiteto, escultor, orador e escritor Fernando Corona, que realizou gratuitamente o projeto para a sede social da Sociedade de Socorros Mútuos de Porto Alegre, esculpindo também a bela fachada do prédio.
Sociedade de Socorros Mútuos de Porto Alegre
Banco Nacional do Comércio (este uma adaptação de projeto anterior, de Theo Wiederspahn, no local funciona hoje o Santander Cultural) Fernando Corona, desenhou o exterior do prédio
Fonte de Talavera
Nas comemorações do centenário da Revolução Farroupilha, em 1935, quando a comunidade espanhola entregou à cidade a Fonte de Talavera, em frente ao Paço Municipal, Corona foi o orador na solenidade. Além disso, ele realizou as restaurações da fonte, quando estas foram necessárias. Na década de 1970, Corona realizou o projeto da Casa de Espanha, na época em que ainda havia a cisão entre os associados republicanos e franquistas.
A Fonte Talavera de La Reina é um monumento da cidade de Porto Alegre. Encontra-se em frente ao prédio da prefeitura, na Praça Montevidéo número 10, e foi um presente da colônia espanhola em 1935
Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos
A Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos foi fundada em Porto Alegre em 01/08/1893. Naquela época, eram utilizados salões de outras sedes, para o exercício de suas atividades. O terreno para a construção da sede social foi adquirido no ano de 1922, na Rua Andrade Neves nº 23, no Centro da Capital gaúcha, sendo esta inaugurada em 14/03/1929.
A sociedade tinha como princípio o mutualismo, e mantinha uma posição apolítica e de neutralidade religiosa, prestando auxílio aos espanhóis residentes no Estado, no que dizia respeito aos casos de enfermidades, farmácia, seguro de vida e invalidez, além de oferecer atividades culturais e recreativas para os seus associados.
Seguia-se a criação da Biblioteca Daniel Fernandez Shaw em 1934, e a implantação do Centro Médico da Sociedade em 1936.
Clube Espanhol
A guerra civil espanhola e a ascensão da ditadura franquista
Devido à guerra civil espanhola e a ascensão da ditadura franquista, a Sociedade Espanhola sofreu uma cisão entre seus membros por motivos políticos em 1950, separando-se em duas sedes: uma republicana, ligada à Sociedade Espanhola, e outra franquista, que fundara a sua própria sede em 24/05/1953, com o nome de Casa de Espanha, com sede alugada na Av. Júlio de Castilhos, nº 133 e nº 139. Esta situação perdurou até 13/09/1994, quando se unificaram novamente, sob a denominação de Centro Espanhol, a qual está localizada na Travessa Sul, 102, Bairro Higienópolis, em Porto Alegre RS.
A Sociedade adquiriu em 1966 um terreno na zona sul da cidade, no Bairro Guarujá, para a construção do Recanto Espanhol, um espaço de lazer para os associados. Ao longo do tempo, esta sede sofreu incêndios, ficou praticamente abandonada, pela falta de condições financeiras para manutenção da mesma, seguindo-se, por fim, a sua colocação à venda em 2009, segundo consta, com a finalidade de pagamento de dívidas.
O Recanto Espanhol, criado para ser uma espécie de sede campestre do Centro Espanhol de Porto Alegre no bairro Guarujá
Cemitério Espanhol
Em Porto Alegre, os imigrantes espanhóis construíram um cemitério a partir de 1906, mas, por dificuldades econômicas, não conseguiram edificar nele um panteão, onde seriam guardados os restos mortais dos sócios mais antigos. O antigo Cemitério Espanhol (hoje extinto), situado na Av. Porto Alegre s/nº, no Bairro Medianeira, foi desativado em dezembro de 2000, tendo abrigado no total 492 túmulos.
Além de imigrantes espanhóis, havia ali sepultados de diversas nacionalidades, assim como os exilados espanhóis e os republicanos e militantes do movimento operário internacional (FORGS, COB, CNT da Espanha e da AIT).
Antigo Cemitério Espanhol (Cementerio Español). Hoje, desativado.
Pelo que foi noticiado, a Direção do Centro Espanhol fez uma doação do cemitério para a Funerária Angelus de Porto Alegre, em troca de certo número de jazigos e nichos, com desoneração de todos os trâmites legais envolvidos. Os responsáveis e familiares pelos sepultados deveriam fazer o traslado para outros cemitérios e os sepultados não procurados seriam removidos para o ossuário do Cemitério da Santa Casa.
A funerária construiu um novo prédio, com crematório, jazigos, nichos, columbário, capelas de velório e salão nobre para cerimoniais. O prédio do novo cemitério encontra-se em fase final de construção na data desta postagem. O terreno do Cemitério Espanhol situa-se entre o terreno do Cemitério da Santa Casa e o Cemitério da Igreja Batista.
O prédio do novo Cemitério Espanhol de Porto Alegre
Destaca-se, ainda, o Instituto Cervantes de Porto Alegre e o acervo da Fundação Educacional João Puig Elias, como legados da presença dos espanhóis na cidade de Porto Alegre.
Instituto Cervantes de Porto Alegre
Fontes de Pesquisa:
Identidades desconexas: os referenciais identitários da Comunidade Espanhola em Porto Alegre no meio do Século XX – Lucas Neves Prochnow;
Espanhóis no sul do Brasil: diversidade e identidade – Regina Weber;
A participação dos espanhóis no contexto imigratório do Estado do Rio Grande do Sul – Roberto Rodolfo Georg Uebel e Rita Inês Paetzhold Pauli;
Tempos narrados: os espanhóis em Porto Alegre – Rosemary Fritsch Brum
Blog Memorial do Tempo e texto de Lisete Göller.
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