Poema do dia (#5): Canção da Chuva de Lila…
Poema do dia (#5): Canção da Chuva da gaúcha Lila Ripoll. A libertária poetisa.
Ouça agora Arquétipos – O encontro com a sombra é um disco diferente: são 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C. G. Jung:
NOVO ÁLBUM DA LÍTERA
Canção da Chuva
Cai uma chuva tão fina
que quase nem molha a gente.
É uma música em surdina
que apenas a alma sente.
Junto meu rosto à vidraça
e olho a rua sem pensar.
Fico em estado de graça,
como quem vai comungar.
Senhora dos mundos vivos,
Nossa Senhora da Vida,
quantos dias negativos
na minha estrada perdida!
Senhora tu não devias
permitir tantos enganos.
Há excesso de alegrias,
e excesso de desenganos.
Por onde andaram meus passos
vi sinais de desalentos.
Vaguei por muitos espaços
e senti todos os ventos.
Ventos do sul, vento norte,
ventos do leste e do oeste,
tão diversos como a sorte
que tu, na vida, nos deste.
Senhora dos mundos vivos,
Nossa Senhora da Vida —
quantos dias negativos
na minha estrada perdida!
– Lila Ripoll, em “Céu vazio: poesia”. 1941.
Quem foi Lila Ripoll
Foi uma poetisa, pianista e militante comunista brasileira. Em 1934, com o assassinato de seu primo Waldemar Ripoll, jornalista e membro do Partido Libertador, por ordem de pessoas ligadas a Flores da Cunha, Lila Ripoll decidiu se engajar na luta política e na causa comunista.
Ela participou da Frente Intelectual do Partido Comunista e do Sindicato dos Metalúrgicos, de cujo departamento cultural foi diretora.
Em 1949, Lila Ripoll ficou viúva e, mesmo deprimida, continuou a se engajar na militância política e em campanhas pacifistas.
Foi candidata a deputada pelo Partido Comunista em 1950, mas não foi eleita. Em 1951, colaborou na revista Horizonte publicando poetas latino-americanos como Pablo Neruda e Gabriela Mistral. No mesmo ano, publicou Novos Poemas, que lhe outorgou o Prêmio Pablo Neruda da Paz, em Praga, na Tchecoslováquia. Em 1954, o longo poema Primeiro de Maio, que tem como tema o massacre ocorrido no Dia do Trabalhador na cidade de Rio Grande, foi publicado. Em 1958, sua única peça teatral, Um Colar de Vidro, foi apresentada no Theatro São Pedro.
Em 1964, logo após o golpe militar, Lila Ripoll foi presa, mas rapidamente libertada em função de sua saúde — sofria de um estado avançado de câncer. Sua última obra poética foi Águas Móveis (1965). Faleceu em Porto Alegre, aos sessenta e um anos, e seu corpo foi enterrado por seus companheiros partidários no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia.
Em homenagem à poetisa, criou-se em 2005 o Prêmio Lila Ripoll de Poesia, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O prêmio é aberto a todas as pessoas que desejarem se expressar sobre temas vinculados às causas sociais e ao gênero.
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