Um show de rock num cemitério

Um show de rock num cemitério | Conheçam a…

Descobri a banda Lítera depois de entrevistar a Brenda Band. A produtora da Brenda na Loop Discos me passou o release dos caras e eu fiquei bastante intrigado. Um trio que se veste com roupas imperiais e se inspira no relacionamento de Dom Pedro I com Domitila, a Marquesa de Santos não é para se deixar passar batido.

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| Conheçam a banda Lítera

A banda nasceu em Porto Alegre, formada por André Neto nos vocais e guitarra, James Pugens no baixo e Rodrigo Bonjour na bateria.

Lançaram seu primeiro disco, Um Pouco de Cada Dia, em 2009. É um disco cru, puxado pro hardcore, que pouco tem a ver com o segundo lançamento deles, Caso Real, do ano passado.

Caso Real é o que fala do amor entre o imperador e a marquesa. O som é bem mais maduro e alto astral do que no primeiro trabalho, quase pendendo para o pop. “Na época do Um Pouco de Cada Dia, quando a gente ia pra lugares de rock, achavam que a gente era muito leve pra tocar, lugares mais MPB achavam que a gente era muito pesado.” Contou Rodrigo.

Rolou um amadurecimento em relação aos gostos musicais dos integrantes entre um disco e outro, como disse André, “Quanto tu te rotula num estilo, tu fica engessado.”

A Lítera está em turnê pelo estado de São Paulo, com três shows na capital. Fui no primeiro, que rolou no Cemitério da Consolação no último dia 25, e consegui trocar uma ideia com os caras depois do show.

Um show de rock num cemitério de uma banda que não é gótica me pareceu bizarra. Toda a experiência é bastante imersiva, desde pegar a senha no portão com o cartaz da banda até andar entre os túmulos no escuro até a capela, sem ter ideia do que esperar.

Sou sempre a favor de shows em lugares inusitados, mas não conseguia ver onde o pop rock da Lítera se encaixava no cemitério. Isso até descobrir que a própria Domitila está enterrada lá. Além disso, a fama do lugar de ser um museu a céu aberto combina bastante com a proposta da banda de resgatar um passado distante.

A ideia de fazer um disco baseado no romance imperial proibido surgiu em 2012

quando André estava num café chamado Domitila em Porto Alegre e se deparou com uma das cartas trocadas entre os dois amantes.

“A Europa inventa histórias assim e a gente tem uma pronta aqui, uma história real.” Me disse o vocalista. Outro ponto importante do disco é que ele desconstrói a fama da Marquesa de Santos, mais conhecida por ser apenas amante do imperador e mostra a mulher forte que ela realmente era.

As músicas batem bastante nas questões de gênero, algumas até mesmo sendo cantadas por um eu lírico feminino.

O show teve uma estrutura bem simples e intimista, rolou no frio mesmo, atrás da capela do cemitério para umas 50 pessoas. Tudo acústico, com violão, escaleta, meia-lua e bumbo leguero.

Um dos pontos altos foi quando, no meio da apresentação, o Grupo de Teatro Narciso se envolveu e leu a carta em que Dom Pedro termina seu relacionamento com sua amante, seguida de uma carta de término dos dias de hoje, que foi queimada em seguida enquanto o som rolava no fundo.

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A união desse grupo com a banda não podia ter sido mais espontânea.

O baixista James, que rodava pela Paulista fazendo intervenções de divulgação da banda em janeiro desse ano, chamou a atenção do pessoal do teatro e o casamento estava feito.

Ninguém da banda sabia o que ia rolar na intervenção, o que deixou tudo mais autêntico.

Link para a matéria completa no Rock’n write.

Link oficial do evento, prefeitura de São Paulo: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/servico_funerario/noticias/?p=218607

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