Vale a pena lançar um álbum numa época de…
Vale a pena lançar um álbum numa época de single? Por que escolhemos fazer um caminho oposto à tendência ou forma que as pessoas estão consumindo a música hoje em dia? Vamos falar sobre essas questões mais subjetivas, sobre ter um disco como o Arquétipos, que estamos produzindo e que vai ser lançado em outubro de 2019.
O ÁLBUM COMO UM LIVRO DE HISTÓRIAS CANTADO
Em oposição ao single, o formato disco ou álbum ainda tem muito valor artístico quando se busca um registro que permita desenvolver uma narrativa.
Dono do campinho, da bola, absoluto da era dos streamings, o single levanta uma questão óbvia: Pra que lançar um álbum? Pra nós, a resposta é muito simples: o formato de canções em sequência permite a criação de uma narrativa, com um conceito por trás.
Em uma matéria que acessamos recentemente sobre isso, descobrimos que, por exemplo, Adriana Calcanhotto, Gilberto Gil, Moska, Jards Macalé e Jorge Mautner, entre tantos outros que optaram por dar ao disco uma cara de livro de histórias. Fora do Brasil, a espanhola Rosalía, fez sua estreia em uma grande gravadora (Sony), “El Mal Querer”, com as músicas batizadas como capítulos, de 1 a 11, para não deixar dúvidas que se trata de um álbum.
A Lítera, que vai lançar seu terceiro álbum, “Arquétipos”, acredita na longevidade artística e no propósito. É assim que a gente consegue oferecer um espetáculo mais profundo, mais intenso, com desdobramentos, significados e símbolos que vão abrindo portas que envolvem não simplesmente um momento, mas uma experiência inteira, com início, meio e fim.
Queremos propor uma conexão com o inconsciente coletivo, as formas arquetípicas de cada um, para um público jovem, de uma forma cotidiana, simples.
O álbum permite pensar a música de outra maneira
Nosso disco, mais que um livro, é como se fosse um filme. São 12 canções escritas e construídas de acordo com os arquétipos/signos e a cronologia dos passos da jornada do herói. A sensação de um filme, uma jornada completa, um ciclo, início, meio e fim. A uma aventura de um herói do cotidiano, a identificação. A busca de si mesmo. Isso não é um conceito. É um enigma.
Somos todos do cinema, do teatro. Nossas vidas são por vezes quixotescas, e em outras, uma divina comédia. Pensamos em começo, meio, final.
É um disco de símbolos, de estar e mal estar, de observar a vida e a morte e ainda assim se sentir vivo. É sobre o que vivemos hoje também, inúmeras distrações desse mundo, ou como diria Jung, o inconsciente coletivo.
QUANTO CUSTA FAZER UM ÁLBUM?
Fato: o single é o formato de lançamento mais popular do nosso tempo. Já o álbum como livro de histórias, conceitual, como uma possibilidade de desenvolver uma ideia (ou várias), tem o seu valor.
Renata Crawshw gravando lixas como efeito percussivo no home estúdio para o disco Arquétipos
Isso, em geral, passa por: contratar um produtor ou produzir por ti mesmo; contratar ou não arranjadores; o tamanho e a estrutura do estúdio; se os músicos acompanhantes serão contratados à parte, se é preciso licenciar músicas ou trechos de músicas, quanto custará a arte (capa, encartes, material de divulgação, sejam virtuais ou físicos) e como será e quanto custará a distribuição (se houver impressão de cópias físicas, o custo tende a subir consideravelmente).
A desvantagem de arcar com todos os custos é que o processo fica mais lento. A vantagem é se tornar dono do próprio fonograma, fazer o processo da sua forma e aprender na dificuldade, na prática da vida.
Mas, afinal, quanto custa?
No nosso caso, o planejado foi de R$ 10 mil e o pacote de 12 faixas de “Arquétipos” pode ter chegado a algo como R$ 20 mil (sem distribuição física e assessoria de imprensa).
Outro aspecto da produção, que, comparado com o mercado independente, parece outra dimensão, é que os custos variam em função da proposta estética pretendida. A sonoridade procurada em cada álbum representa um custo diferente.
Quando temos orquestras, bandas maiores, há um aumento de custo. O mesmo se aplica ao uso de instrumentos/equipamentos muito específicos ou raros. Pode-se gastar nada ou até R$ 10 mil, R$ 30 mil, R$ 50 mil em uma única faixa. No disco Caso Real gastamos um pouco mais de R$ 80 mil num álbum de 12 faixas com distribuição física.
Elaine Foltran gravando as teclas no home estúdio para o disco Arquétipos
Se a ideia é alcançar com os singles um número equivalente de canções de um álbum, vale mais a pena, do ponto de vista estritamente financeiro (o que é péssimo pelo lado artístico, que é o que nos importa mais) lançar tudo de uma vez num disco fechado e sem rodeios. Tanto a produção como, principalmente, a distribuição e a divulgação ficarão mais baratas. Um artista que está começando pode soltar um single para chegar ao mercado e investir seu dinheiro de divulgação nele. Agora, ainda que o investimento no álbum em divulgação possa ser igual, mas não ser o suficiente, há mais coisas para entregar, mais canções para manter o público ali interessado.
Não temos nada contra os singles, já fizemos isso, como por exemplo ano passado quando lançamos a versão Mergulho Marchinha e a música “Vc já viveu um amor impossível?” e pretendemos lançar outros. A questão é quando a decisão estética perde para as demandas de mercado, influenciando na carreira da banda.
O álbum é muito caro? Que tal um EP?
A outra opção existente e de muito resultado é gravar um EP, que é um disco com menos faixas. Fizemos isso com A Marquesa (2013) e o Imperador (2014) que igualmente puderam ajudar a mostrar um pouco mais os conceitos artísticos, circular com shows e juntar dinheiro durante um tempo para investir na banda. Fizemos um levantamento do custo real (e não estimado) dos serviços de que precisaríamos e negociamos o parcelamento deste valor. Muitos estúdios trabalham com esse modelo.
Nesses dez anos de banda, já fizemos de tudo, já apostamos em uma campanha de financiamento coletivo para arrecadar recursos, vendemos carro, pegamos dinheiro emprestado com os amigos, enfim, tudo é uma opção.
O mais importante a destacar é que um planejamento antecipado ajuda a controlar todos os custos e nunca deixar a essência se perder. Estamos nessa pela música, por essa experiência louca toda que envolve fazer arte, e é por isso que precisamos fazer um disco, o que a gente tem pra dizer não cabe em poucas palavras, não cabe no peito, não cabe em dizer o que o mercado quer ouvir.
Lançando o álbum Arquétipos – O encontro com a sombra
São 12 canções baseadas nos sonhos, estudos e memórias de C. G. Jung, codificador da psicologia analítica. As composições falam sobre arquétipos, signos, símbolos e o encontro com as nossas sombras. Traçam a jornada do anti-herói no cotidiano, o inconsciente coletivo e a busca de si mesmo. Isso não é um conceito. É um enigma. O álbum oficial vai ser lançado em outubro de 2019.
Nossas músicas estão em todas as plataformas pra ouvir grátis.
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